A descrição não é igual para todos. Para uns, são apenas umas luzes que surgiram, noutros casos são moscas volantes que aparecem não se sabe bem de onde e ainda há quem tenha vivenciado o desabamento ou a queda de um pano. Um descolamento e/ou rasgadura da retina é, decididamente, uma situação de urgência.
Não há qualquer sintoma de dor e, algumas vezes, nem há sinais que alertem para este desabar do “tecto”, outras vezes, há indícios que avisam que pode estar a acontecer um descolamento iminente. As luzes brilhantes, em jeito de flash; manchas ou “moscas” que flutuam; uma visão turva ou uma sombra são sinais que alertam para a situação. O “pano” pode cair por completo e, se a intervenção não for imediata, a perda de visão será definitiva. É necessário “soldar” e reconduzir todas as peças para o local certo, o mais breve possível.
A intervenção será cirúrgica e o acesso ao interior do globo ocular é feito através de três micro incisões. Uma delas permite a entrada de uma solução balanceada que mantém a estabilidade do olho durante as manobras cirúrgicas. O segundo acesso possibilita a introdução de uma fibra ótica para iluminação e, por fim, o terceiro acesso permite a introdução de um instrumento designado por vitréctomo, que tem a função de aspirar e, em simultâneo, cortar o gel vítreo, a um ritmo de milhares de vezes por minuto, eliminando qualquer tração sobre a retina.
O óleo de silicone ou um gás expansível são instrumentos que podem ser usados para ajudar a colocar a retina na sua posição natural, tal como o laser, usado no tratamento de situações de descolamento de retina, porque favorece a fixação da retina, ao mesmo tempo que a formação de cicatrizes vai impedir a passagem do vítreo pela rasgadura.
O sucesso de todas as intervenções vai ainda ficar dependente do posicionamento que o doente assume nos dias seguintes à cirurgia e/ou tratamentos. Existirá um período de tempo necessário para que o doente mantenha os dois olhos vendados e em repouso. Vão ser exigidas posturas obrigatórias e contínuas, que devem ser seguidas rigidamente, mesmo durante a noite. Desobedecer a estas regras implica pôr em causa toda a intervenção do cirurgião.
Este é um caso clínico em que o doente tem uma enorme responsabilidade para contribuir para o sucesso ou insucesso de todo o trabalho que foi feito.
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